sexta-feira, 21 de abril de 2017

[RESENHA] O Lago Místico - Kristin Hannah

O primeiro livro da Kristin Hannah que li foi "O Caminho para Casa" e adorei. Claramente já queria ler mais e mais livros da autora, mas demorei bastante para fazer isso, mesmo com alguns títulos da mesma na estante, só me esperando para conhecê-los. Só agora eu realmente parei e decidi me jogar em alguma nova história da dramática Hannah. A escolha foi "O Lago Místico". (Jura?) A premissa do livro sempre despertou meu interesse, e saber que havia romance na história só me animou. O livro possui personagens palpáveis, um drama coerente e convincente, mas alguns pontos deixaram a desejar e foram mal desenvolvidos, a meu ver. Antes que já esteja achando que não gostei da trama, peço-lhe para ser paciente e perceber, mais adiante, que eu gostei, mas esperava mais. 

Edição: 1
Editora: Novo Conceito
ISBN: 9788581635811
Ano: 2014
Páginas: 368

Nota: (3,5/5)
Esposa e mãe perfeita, Annie vê o seu mundo desabar de uma hora para outra quando é abandonada pelo marido. A fuga momentânea é para Mystic, a pequena comunidade onde ela cresceu e onde o seu pai ainda vive. Lá, Annie começa a se reerguer novamente, descobrindo o amor por si mesma, por um velho amigo solitário e por uma garotinha que acaba de perder a mãe. Tudo está se encaixando na vida de Annie. Nick e Izzy se tornaram uma parte importante de seu processo de cura, e ela também se tornou essencial para a sobrevivência da relação entre pai e filha. Até que o seu ex-marido reaparece... e a tranquilidade rapidamente dá lugar ao desespero.Kristin Hannah encanta mais uma vez com uma história comovente, sensível e verdadeira sobre perda, paixão e os fios frágeis que unem as famílias.
Annie é o tipo de mãe e esposa perfeita (ou pelo menos se esforça veemente para isso). Dedicou sua vida inteira em função do marido, Blake, e da filha, Natalie. Abdicou de uma carreira profissional e de seus sonhos em função de uma vida comum. Tudo parece desmoronar quando Natalie vai para a faculdade e Blake pede o divórcio alegando estar apaixonado por outra. Devastada, Annie resolve partir para a cidade de Mystic, um pequeno lugarzinho no interior onde nasceu e cresceu. Lá terá o conforto de seu amado pai e buscará encontrar a paz que necessita, fazendo o que sempre soube fazer de melhor: cuidar dos outros.

Ao mudar-se, ela descobre uma fatalidade: sua melhor amiga de infância, Kathy, morreu de forma trágica, deixando seu marido Nick e a filhinha Izzy completamente devastados. Não, isso não é spoiler. Quando mais jovens, KathyAnnie e Nick eram inseparáveis, e apesar de terem perdido contato quando a protagonista se mudou, ela se vê na obrigação de apoiar o seu "amigo" nesse momento tão difícil. Chegando lá, encontra um homem muito diferente do Nick que conhecia: agora ele é um policial amargurado, sofrido e que se sente incapaz de ser o pai que sua filha tanto precisa, e isso faz com que ele se entregue cada vez mais ao álcool, e Izzy, de apenas seis anos, vive traumatizada pelo que ocorreu com sua família.

Seria Annie a salvação de Nick e sua filha?


“Ela sabia que esse momento ficaria para sempre, muito depois de ela desejar esquecê-lo. Talvez mais tarde fosse pensar no que a levou a agir assim: seria o reflexo tremeluzente das estrelas no lago, ou o modo como a mistura de luar e lágrimas fazia os olhos dele parecerem piscina de prata derretida? Ou a solidão muito profunda dentro dela, como um cubo de gelo pressionado contra seu coração partido?”
Pág.: 88

Por mais que a autora construa personagens palpáveis, há certas características que podem vir a me incomodar. Annie é uma personagem muito bondosa e seu sofrimento, nem de longe, consegue ser incoerente ou inimaginável. Muitas mulheres realmente abdicam de seus anseios pessoais para viver em prol de uma exigência social hegemônica. As razões para isso são as mais diversas, não dá para escolher uma ou duas para especificar (lê-se generalizar) os mais variados casos. Mas o que mais me incomodou na protagonista foi seu jeito omisso que, por muitas vezes, só a anulava como mulher, como uma pessoa de escolhas. É perceptível que dada a realidade da mesma, suas experiências anteriores e até a forma como foi educada corroboraram numa personalidade passiva. Entretanto, não foi injusto da minha parte quando esperei um posicionamento mais firme dela, uma determinação mais resistente. Infelizmente isso não aconteceu e causou certo incômodo, confesso.

Eu trabalho com a ideia de que o livro pode mostrar determinada realidade difícil e também pode propor melhorias para isso, caminhos viáveis para chegar a alguma solução ou pelo menos não atenuar o problema expresso na história, podendo ainda criticar. Aqui, eu senti que a Hannah tornou as coisas dramáticas demais e complicou mais que o esperado. Não considero uma pessoa com quarenta anos velha. Não mesmo. Mas a personagem principal, em muitos momentos, buscava enfatizar isso, e a meu ver, tratando-se de um livro (o que pode influenciar pessoas), é preocupante não propor uma nova perspectiva, um olhar mais positivo, desconstruído e diferenciado do que foi colocado no início da história. Perceber que a autora não se preocupou com tal problemática me deixou bastante inquieto e insatisfeito. 

Se você é o tipo de leitor/leitora que adora uma escrita dramática com direito a romance, terá motivos para aproveitar "O Lago Místico". Alguns/algumas leitores/leitoras costumam associar a autora ao Nicholas Sparks pelo fato de quase sempre escreverem histórias dramáticas, carregadas de sentimentos e até melosas. Eu ainda acho que as histórias da Hannah são mais dramáticas e menos melosas; o Sparks consegue ir um pouco além nos romances, mas concordo que ambos possuem marcas literárias similares. 

A autora pecou em determinados momentos quando não avançou na história e apresentou situações irrelevantes, que pouco ou nada acrescentaram à trama. Por se tratar de um drama familiar, é esperado e necessário que exista um aprofundamento na vida de cada personagem, e até certo nivelamento também, mas acho que a Hannah enrolou em capítulos específicos e eu tive que me esforçar para seguir adiante com a leitura e não abandonar deliberadamente. Detalhe: isso é muito pessoal. É possível que você discorde completamente de mim neste ponto, eu entendo.

Cada personagem construído foi muito bem desenvolvido. É como se você os conhecesse, já tivesse tido algum contato, ou até mesmo vivido alguma experiência das quais eles viveram. A autora tem essa facilidade em trazer situações comuns para suas histórias, proporcionando uma aproximação maior, permitindo que o/a leitor/leitora (neste caso, eu mesmo) consiga se aprofundar e compreender todos os dilemas colocados. Frank (pai da Annie), Nick e Izzy  foram personagens que conseguiram me manter conectado a seus dramas e crer que eram reais, mesmo que no fundo eu soubesse que não. Eu adoro isso e foi interessante perceber meu envolvimento com cada um. A propósito, vivi o mesmo quando tive meu primeiro contato com a autora.

Para concluir, deixo claro que "O Lago Místico" é um bom livro, mas que peca em pontos específicos do seu desenvolvimento. Se você é fã do Sparks ou Jojo Moyes, é provável que vá amar/adorar as histórias da Kristin Hannah e pedir por mais. Ela consegue ser dramática tanto quanto os autores citados e ainda acrescenta uma pitada de romance para acalentar os corações mais sensíveis. Pretendo ler os outros livros da autora que já adquiri e espero não me decepcionar. O meu único conselho é não ir com muita sede ao pote e que, se possível, escolha este livro para ser o seu primeiro contato com a Hannah; creio que seja uma escolha mais viável para perceber se quer ou não ler mais obras da autora. 


8 comentários:

  1. Olá, Leandro.
    Eu só li um livro da autora até agora e gostei bastante. Acho que por amar esse tipo de histórias hehe. Eu sou muito fã do Nicholas e da Jojo. Acho que o Nicholas é mais de personagens masculinos e ela de femininos. Mas são parecidos sim. Entendo sua preocupação da autora não mostrar uma mudança na personagem, porque mulheres como ela infelizmente existem aos montes. Quero ler ele sim.

    Prefácio

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  2. Oi Leandro!

    Acredito que eu não tenha lido nenhum livro da autora, mas eu sou aquele tipo de pessoa que gosta de clichês, apenas alguns! Eu já li tanto livro que a mulher morre a protagonista surgi na vida do cara que perdeu a esposa e eles se apaixonam e passam por turbulências e vivem felizes para sempre hahahaha ou a mulher pode perde o marido também é situação ser inversa, eu estou um pouco cansada desse enrendo, este ano eu tenho lido poucos livros de drama, na maioria tenho me dedicado à fantasia e aqueles romances mais juvenis sabe? Eu também fico frustada quando as coisas acontecem a protagonista. não toma uma atitude logo ou enfrenta quem tiver que enfrentar, da vontade de entrar no livro e chocalhar a pessoa, fico que a leitura tenha te agradado apesar de tudo.


    Beijinhos

    Resenha Atual

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  3. Oie gatinho, tudo bom?
    Sabe que eu não sou tãooo fã da Kristin? Tenho alguns livros dela aqui (Inclusive esse), e acho ela muito melodramática, e acredito que não curto tanto pelo ultimo ponto que tu citou, bem a cara de Sparks hahaha Apesar disso, e da nota não ter sido das melhores, não julguei como um livro "ruim" e sim um não meu estilo hahaha

    Beijos,
    Paixão Literária

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  4. Oi Leandro,
    Eu li um livro da Kristin e ele me impactou demais.
    Acho que eu daria outra chance a ela, tem tudo para me prender a história.
    E confesso: eu sou esse tipo de leitora melodramática! HAHAHAHA
    Beijos
    https://estante-da-ale.blogspot.com.br/

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  5. Oi, Leandro!
    Tenho alguns livros da Kristin aqui na minha estante, mas confesso que a narrativa da autora não me chama muito a atenção, uma pena a leitura ter se tornado lenta em certos momentos, é muito ruim quando a autora tenta nos enrolar kkkk
    Acho vou deixar os livros dela para o futuro quem sabe. :)

    Beijos!
    Eli - Leitura Entre Amigas
    http://www.leituraentreamigas.com.br/

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  6. Olá, tudo bem? Se a autora é recomendada para quem gosta do tio Nick, já sei que vou gostar então, hahaha. Adorei a resenha e fiquei com vontade de ler a obra!

    Beijos,
    Duas Livreiras

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  7. Oie Virginiano lindo <3!

    Ainda não li nada dessa autora acredita? O problema é que fico justamente com essa sensação que as histórias dela tem essa pegada meio Nicholas meio Jojo e desanimo.

    Não que eu ache o estilo dos dois autores ruins, mas é um clichê previsível demais. Tipo você começa o livro sabendo que alguém vai morrer e que isso foi pensado para fazer o leitor se emocionar.

    Mas pretendo dar uma chance para Kristin, até por que só vejo em sua grande maioria bons comentários dos livros dela.

    Ótima resenha lindo!

    Beijos;***
    Ane Reis | Blog My Dear Library.

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  8. Oi Leandro!
    Eu já li vários livros do Nicholas Sparks, mas confesso que cansei um pouco da "fórmula" dele. Ainda não li nada dessa autora, mas a sinopse não me atraiu.

    Beijos,
    Sora | Meu Jardim de Livros

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